domingo, 5 de agosto de 2012

E depois, José?

Mais um texto do tipo clichê. Mas a vida é um eterno clichê. 
E eu nunca mais havia sentido algo tão "pra-sempre". Nunca havia conhecido alguém tão diferente, tão incomum, tão estranho, tão inalcançável-as-vezes pra mim, mas ao mesmo tempo, que me completava, me alcançava, me pegava, me colocava no colo e me ninava. Nunca entenderei como poderíamos nos misturar tão fácil e ser tão moldável um ao outro, assim, como nunca entenderei como nos perdemos. Mas as pessoas estão aí pra isso, se encontrar e se perder: natural, concluo.
Eu tive então - não pela primeira vez, mas de uma vez muito mais intensa - um caso que se estendia e durava pelos dias a fora. Olhares que se encontravam e se compreendiam. Abraços que se eternizavam em pequenos segundos. Gargalhadas sinceras em meio ao suspiros aliviados. Intimidades soltas pelo ar. Sorrisos que significavam que aquela briga não era nada, estava tudo bem. Sentimentos espalhados no espelho, no sofá, na sandália, no céu, na pele, no osso. Era amor. Ainda é. Sempre será. Mas, em lembranças. Típico clichê romântico, parte da vida.
E depois, José? Depois eu percebi que passei a usar exageradamente palavras como "nunca", "sempre" e "mas". Percebi que, na verdade, aquela música que a gente dançava e cantava junto, não tem a menor graça. E que, tão cedo, não seria paciente a mais ninguém. Que aquela piada nunca fez sentido. Que aquelas festas nunca foram-a-minha-cara mesmo. E que eu queria que você se danasse! Mas é fase e depois isso tudo passa mesmo. Então, preferi pular essa parte toda e passar... Fluir...
E depois, José? O que a gente faz com essas porcarias que viram textos enormes? Desdobra tudo, José, e expõe em cima da velha cômoda do quarto. Expor, porque nessa vida há marcas que não devem ser apagadas nem por vontade própria. E todo dia, dar uma olhadinha em tudo e pensar "que bom que eu vivi isso, que bom que eu tive você, que bom, que bom..." mas logo depois priorizar: "mas passou".  Creio que isso é o que vem depois: o eterno continuar. Ver sempre as coisas belas, e se for feias, transformá-las. Chorar? Sofrer? Praguejar? Fazer promessa pra Santo Sei-lá-de-quê? 
Aceitar: tudo é natural.

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